top of page
  • Foto do escritorRenata Juliotti

Uma ideia de “corpo perfeito”


Fonte: Buzzfeed / M de Mulher

Nada me irrita mais que ser rendida pelos “padrões” que as outras pessoas querem me impor "guela abaixo". A questão de padrões estéticos, definidos pela sociedade, vai além de politicagem e interesses, particularmente, vejo muitas vezes, como um tabu enraizado na sociedade capitalista há muito mais tempo que imaginamos.


Imagine que o corpo feminino passou por várias transformações ao longo dos séculos. Em cada momento um padrão diferente. As formas femininas têm se moldado ao longo dos anos, com o desenvolvimento das civilizações e das transformações sociais.


Na Pré-História, a estátua de mais de 22 mil anos, a Mulher de Willendorf (mais conhecida como Vênus) retrata uma idealização do corpo da mulher totalmente diferente de hoje: seios, barriga e vulva são extremamente volumosos e representariam a maternidade, considerado o maior atributo da mulher naquele tempo.


Nas representações artísticas da Antiguidade, as mulheres eram retratadas com seios fartos e quadril largo, símbolo da fertilidade. Vênus de Milo (Afrodite) era a deusa que refletia o padrão feminino da época. Nesse período clássico, a arte deveria representar a perfeição da natureza.


O Renascimento traz a figura feminina representada na pintura, onde os cabelos e pele claros, pescoço longo, ombros e peitos fortes eram os modelos de beleza no Maneirismo, escola de pintura que exagerava nas formas da época.


No século XIX as curvas ainda predominavam como padrão de beleza e o espartilho era a peça chave para toda mulher daquela época. A peça proporciona a forma de ampulheta ao corpo da mulher, com a cintura fina em contraste, os braços carnudos e pernas fortes. Apesar da cintura em evidência, o vestuário da época não era muito favorável à figura feminina, porém ele sugeria uma redução no volume, contrário ao estilo renascentista.


A figura da mulher mais robusta que imperava nos anos anteriores, começou a perder força no século seguinte. No auge do século XX, a industrialização, divisão empírica de classes sociais e escassez de alimentos na Europa trouxeram uma nova perspectiva. Começa então, a era dos regimes, cirurgias plásticas e a ginástica como status social, passando a modelar o corpo da mulher de acordo com os novos padrões estéticos.


Ainda nos anos 20, as curvas eram o destaque na forma feminina, mas as gordinhas ainda tinham seus atributos como os seios fartos e quadril avantajado, que ganhavam seu devido valor nos vestidos recatados da época.


Anos 40 e 50, temos exemplos de mulheres mais independentes e empoderadas, porém reféns da moda tendenciosa. O corpo curvilíneo ainda prevalece, porém com limites. Ser gorda não é mais sinônimo de beleza, mas de desleixo por parte da mulher, segundo recortes históricos sugerem.


O corpo da mulher passa a ser erotizado e mais curvilíneo nos anos 60, tendo como figuras de beleza personas como Brigitte Bardot e Marilyn Monroe, ícones da década.


Já nos anos 70 se inicia a tendência que viria forte nas próximas décadas: a magreza. A modelo Twiggy, foi um grande ícone de beleza e elegância, ostentando pernas finíssimas, corpo juvenil, curvas delicadas e uma certa fragilidade na aparência.


Final dos 80’s e anos 90, a mulher atlética, ousada e inteligente se torna tendência. Nesse momento começam a era das supermodels. Modelos altas e magras, mais curvilíneas, eram consideradas as mulheres mais bonitas e com os corpos mais desejados da época. Linda Evangelista e Cindy Crawford são dois grandes ícones desse período.


A superficialidade era status, já que o objetivo da mulher perfeita era alcançar o corpo perfeito (se é que isso é possível). Nessa época, destaque para as mulheres que buscam artifícios cirúrgicos, como prótese de silicone, para alcançar o corpo ideal.

Os anos 2000 marcam o culto ao hedonismo e à afirmação feminina - uma ideia de que o corpo conduz ao prazer, e consequentemente, ao poder. O corpo ideal hoje, segundo os padrões estabelecidos pela moda e estética em geral, é de uma mulher sarada, seios e bunda fartos, pernas e braços torneados, correções cirúrgicas aqui e ali.


Na era dos influencers digitais, celebridades como Kim Kardashian, Nicki Minaj e Beyoncé, exibem silhuetas curvilíneas, com quadris largos, fazendo com o que este tipo de corpo também seja uma tendência.


Hoje, vivemos a era do “fitness”. Ser saudável é ser fitness, passar horas na academia, treinos duros e intensos, uma alimentação “equilibrada”, que exige uma condição financeira à altura, em tempos onde comprar salada e produtos “low carb, low sugar, low qualquer coisa” é mais caro que o tradicional arroz e feijão.


Em meio à tantos conceitos e padrões do “corpo perfeito” para a “mulher perfeita”, me pergunto se perdemos nossa verdadeira essência do “ser perfeito”. Pessoalmente, soa mais como valores invertidos e a terceirização de posse do seu próprio corpo, no qual a sociedade e as suas ‘tendências’ ditam como você deve ser, parecer e aparecer.

Continua...


Curiosidade

O BuzzFeed, mídia especializada em conteúdo viral, criou um vídeo de três minutos que discute o incansável conceito da “beleza real”, que pretende mostrar a evolução dos tipos de corpo ideal ao longo da história, desde o ano 1292 A.C. até a atualidade.


No vídeo, onze modelos posam perfeitamente maquiadas e penteadas, vestindo somente um maiô branco que ressalta o propósito do vídeo: ensinar como o peso, largura dos quadris ou tônus muscular sempre foram conceitos variáveis.


  • Antigo Egito: Magreza, ombros estreitos, cintura alta, rosto simétrico

  • Grécia Clássica: Corpo cheio, pele clara

  • Dinastia Han: Cintura estreita, pele clara, olhos grandes, pés pequenos

  • Renascimento Italiano: Seios fartos, barriga curva, quadris cheios, pele clara

  • Inglaterra Vitoriana: Corpo cheio, cintura fina

  • Loucos anos 20: Peito plano, cintura indefinida, corte de cabelo Chanel, figura masculina

  • Idade de Ouro de Hollywood: Voluptuosa, silhueta de ampulheta, seios grandes, cintura fina

  • Anos 60: Magra, pernas longas e finas, físico adolescente

  • Época das supermodelos: Atlética, corpo esbelto mas com curvas, alta, braços torneados

  • “Heroin chic”: Extremamente magra, pele translúcida, andrógina

  • Beleza pós-moderna: barriga chapada, pele saudável, seios e nádegas grandes, “thigh gap (espaço que se forma entre as coxas)”


Confira o vídeo abaixo:



20 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page